domingo, 21 de novembro de 2010

Museus New Generation

Com todas as modificações vistas até aqui no meio digital um último tema ainda falta ser abordado: os museus. 

Os Museus são as instituições mais ligadas a uma tradição bem consolidade há séculos, e é desafiador pensar em uma modificação em seus conceitos, tão arraigados em todas as culturas.
No trecho de Galeano (2007), na imagem acima, vemos os indios com uma visão totalmente desapegada da conservação de uma peça para admiração e contemplação, para eles o conhecimento e a importância de uma obra-prima do velho oleiro, mais valem incorporados (literalmente) ao material que servirá de base para as próximas obras do novo oleiro que começa. A concepção de memória e a tradição para esses povos é totalmente oposta ao que vivemos em nossa sociedade, por um lado, felizmente. Não que sejamos exemplos do cuidado para com as gerações futuras, pelo contrário, talvez espatifemos no chão, como o novo oleiro fez com a peça, tantas outras coisas muito mais importantes e com valor igual ou superior. 
Fato é que os Museus têm um papel fundamental na conservação dos objetos que trazem em si a história da humanidade, seja na expressão que for. Eu disse objetos?

Loureiro ( 2004, p. 95) destaca o conceito oficial de Museu, definido pelo ICOM (International Council of Museums):
Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe, para fins de estudo, educação e lazer, evidência material das pessoas e de seu meio ambiente.
O Houaisss Eletrônico (documento eletrônico) traz uma definição mais sucinta: "subs. masc.: instituição dedicada a buscar, conservar, estudar e expor objetos de interesse duradouro ou de valor artístico, histórico etc."

Até aqui nada a se questionar sobre o papel do Museu, certo? Errado. Se lermos com atenção os dois conceitos veremos que existe uma grande restrição física ao papel do Museu. Objetos, evidências materiais e afins pressupõem uma existência física, logo, está indo de encontro aos princípios que temos falado até aqui sobre novas mídias, não?

Ainda bem que os profissionais envolvidos nessa área se deram conta dessas modificações impossíveis de serem paradas ou refutadas e, em 2001, expandiram o conceito oficial: "'centros culturais e outras entidades voltadas à preservação, manutenção e gestão de bens
patrimoniais tangíveis e intangíveis (patrimônio vivo e atividade criadora digital)' foram oficialmente admitidas como membros da categoria 'museu'." (LOUREIRO, 2004, p. 94)

Bom, agora podemos falar sobre os Museus nesse novo contexto "digital". Mas quais foram as iniciativas que os Museus tiveram para seguir o fluxo das mídias digitais?

Primeiramente, seria inaceitável no final dos anos 90, alguma Insituição que não tivesse um site, assim a primeira atitude de qualquer instituição foi colocar em prática o projeto de um site, e com os Museus não seria diferente.

Alguns pensamentos precavidos - ou desconfiados e pessimistas - se preocuparam com a questão da substituição: o público se contenta com as visitas virtuais e não quer mais ir ao Museu físico. Mas é importante marcar o seu papel e não se oferecer por inteiro no meio digital, até porque uma imagem, uma reprodução no meio virtual jamais irá trazer consigo as características intrínsecas de uma obra de arte vista ao vivo.

Oliveira (2007) destaca que não há, por parte dos defensores da idéia do Museu na Web, a idéia de substituição do museu físico pelo virtual e sim é a importância de um trabalho em conjunto para beneficiar a informação e a comunicação. É o que chamam de museu sem muros (OLIVEIRA, 2007; CARVALHO, 2008). 

A premissa das mídias digitais é oferecer informação democratizada, a todos, o acesso universal. Hoje, pessoas que jamais poderiam ir à França, podem visualizar obras de arte importantes através do Louvre Virtual.


REFERÊNCIAS


CARVALHO, Rosane Maria Rocha de. Comunicação e informação de museus na internet e o visitante virtual. Revista Museologia e Patrimônio, v. 1, n. 1, Rio de Janeiro, 2008.

GALEANO, Eduardo. Palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2007.


LOUREIRO, Maria Lúcia de Niemayer M. Webmuseus de arte: aparatos informacionais no ciberespaço. Ci. Inf., Brasília, v. 33, n. 2, p. 97-105, maio/ago. 2004.


OLIVEIRA, José Cláudio. O museu digital: uma metáfora do concreto ao digital. Comunicação e Sociedade, v. 12, São Paulo, 2007, pp. 147-161.

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