segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Re(des)Social

Existe a necessidade de interação entre as pessoas, isso é fato: o homem é um ser social. 
Como coloquei nos primeiros posts, fazendo uma retrospectiva das minhas experiências com a internet, as redes sociais estão presentes desde o início. Aliás, como bem destaca Amaral (200?) as redes sociais estão presentes na nossa vida desde muito antes do Orkut. 

No meu tempo de jovem (saudosismo) a onda do momento era o mIRC, programa para bate-papos que trazia a estrutura dos chats Uol e Terra, mas possibilitando uma maior interação entre as pessoas, além da facilidade. Existiam salas por temáticas distintas, cidades, idades, o que hoje seriam as comunidades das redes sociais como conhecemos atualmente (Orkut, Facebook e outras).

A estrutura pode ter mudado, evoluído, o mIRC está no limbo juntamente com outros softwares de comunicação, mas o princípio de socialização permanece o mesmo. Na matéria exibida no fantástico o repórter está numa "reunião" que foi combinada pela internet, mas isso não é novo. 
O que acontece é a disseminação dessas ferramentas que estão indo muito além de um simples uso como uma ferramenta. Hoje o orkut e o twitter parece ser o propósito de vida de muitas pessoas, o "fanatismo" existe e é perigoso. 

Já tive um grupo de amizades que se constituiu única e exclusivamente por conta da internet, e muito provavelmente se não fosse por ela jamais teria sequer pensado em conversar com algumas das pessoas que, até hoje, mantenho contato. Nesse sentido não há dúvidas, como a antropóloga fala na reportagem, que a internet ampliou a possibilidade de escolha e efetivação de amizades. 

Mas ficar 24 horas por dia na frente de um computador cultivando amizades virtuais não pode ser considerado uma coisa normal. Dos 13 aos 15 anos eu fiz isso, mas a partir dos 16 comecei a despertar para o "mundo real". Hoje não consigo olhar Twitter todos os dias, o que me faz ser totalmente inativa nessa "esfera social" onde pessoas colocam a cada segundo do seu dia informações totalmente dispensáveis, mas que elas têm necessidade de compartilhar. A quantidade de seguidores, ou de amigos no Orkut, para alguns é de uma importância assustadora. "...boa parte dos blogs existentes é ainda mais um 'olhar para o umbigo' do que muitos dos sites que povoam o Terravista ou o Geocities" (ROSA, 2008, p. 1410)

Rosa remete ao aspecto egocêntrico dos blogs, mas esse egocentrismo é fortemente identificado em todas essas ferramentas, seja Facebook, Orkut ou Twitter. Ao mesmo tempo em que solidificam laços de uma "comunidade", abrem os braços para a exposição individual dos membros através de fotos, opiniões e numa concorrência de popularidade tão fútil quanto as concorrências encontradas na vida real.

Mas sem querer me ater apenas nos detalhes críticos, as comunidades possibilitam uma troca de informação em proporções jamais esperadas ou imaginadas anteriormente. 
Atualmente faço parte de seis grupos de discussão e muitas vezes me sinto até sobrecarregada de informação, e o incrível é a interação num mundo "virtual", com pessoas que tem realidades bem diferentes da minha. Seja para um fim profissional, ou de lazer, são essas as características intrínsecas das redes e comunidades e é isso que faz delas o fenômeno que são hoje: descentralização, socialização, cooperação, compartilhamento de idéias, aprendizagem,
As redes sociais emergem nos ultimos anos como um padrão organizacional capaz de expressar, em seu arranjo de relações, as idéias políticas e econômicas inovadoras, nascids do desejo de resolver problemas atuais. São a manifestação cultural, a tradução em padrão organizacional, de uma nova forma de reconhecr, pensar e fazer política.[...]dão surgimento a novos valores, novos pensamentos, novas atitudes[...] (AMARAL, 2000?, não paginado)
Para alguns pode ser apenas uma modinha e por isso o frenesi é tão grande, pode ser que com o tempo os aficcionados reduzam seu tempo na frente do computador, ou saibam dosar mais a vida real dentro e fora do computador. Ainda que seja normal as relações migrarem para fora da tela e se integrarem, virem a fazer parte da vida real, é preciso não deixar a vida do lado de lá do monitor sobrepôr a do lado de cá.


Veja também: 


Redes sociais de Bibliotecários e Bibliotecas no Twitter
 
O pessoal do Bibliotecários sem Fronteiras faz um trabalho muito legal de divulgação da Biblioteconomia e há algum tempo trabalha em cima das mídias sociais, redes sociais e afins. Vale a pena conferir o Blog.  

REFERÊNCIAS

AMARAL, Vivianne. Redes: uma nova forma de atuar. Disponível em: http://moodleinstitucional.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=101665. Acesso em: 01 dez. 2010.

ROSA, Jorge Martins. Comunidade científica reloaded: o uso de ferramentas on-line e da Web social como auxiliares acadêmicos. In: MARTINS, Moisés de Lemos; PINTO, Manuel. (Orgs.). Comunicação e Cidadania. Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, 2008. Sessão 10, p. 1407-1425. Disponível em: <http://lasics.uminho.pt/ojs/index.php/5sopcom/article/viewFile/130/1260>. Acesso em 01 dez. 2010.

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